Missão do Governo do Rio Grande do Sul à Argentina define intercâmbio na área de Direitos Humanos

02 de maio de 2013

Entre 15 e 19 de abril, uma missão governamental do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Brasil, reuniou-se, no edíficio da ex Esma, com organismos e instituções relacionadas com a preservação da memóra e a defesa dos direitos humanos da Argentina.Entre 15 e 19 de abril, uma missão governamental do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Brasil, reuniou-se, no edíficio da ex Esma, com organismos e instituções relacionadas com a preservação da memóra e a defesa dos direitos humanos da Argentina.

A missão governamental à Argentina, realizada entre 15 e 19 de abril, representou mais uma etapa no processo de cooperação nas áreas de Direitos Humanos e Comunicação entre gaúchos e argentinos. O objetivo foi avançar no diálogo com o país vizinho na criação de espaços de memória, verdade e justiça em resposta aos crimes da ditadura militar.

A comitiva gaúcha, integrada pela Assessoria de Cooperação e Relações Internacionais (Acri), TVE e pela Secretaria da Cultura, visitou organismos de resgate e reparação aos atos de violação dos Direitos Humanos ocorridos na ditadura argentina. Na ocasião, foram estabelecidas parcerias no intercâmbio de capacitação técnica e operacional para a constituição do Memorial da Democracia e dos Direitos Humanos do Mercosul, lançado em janeiro de 2012, em Porto Alegre.

De acordo com a assessora de Relações Internacionais do Estado, Norma Espíndola, a ‘expertise’ argentina irá contribuir para o processo de construção do Memorial. “Essa parceria é fundamental para o desenvolvimento das atividades de nosso espaço de memória”, afirmou. Segundo o diretor do Memorial e do Arquivo Histórico do RS, Márcio Tavares, a missão trouxe experiências de construção e gestão de centros culturais de memória. “Estabelecemos parcerias para um intercâmbio institucional. Também encaminhamos a apresentação, em Porto Alegre, do guia de fundos documentais sobre a Operação Condor, trabalho realizado pelo Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul (IPPDH), que irá subsidiar a criação do acervo do Memorial”, disse.

Durante a missão, os representantes gaúchos se reuniram com diversas autoridades, entre elas o subsecretário de Proteção de Direitos Humanos do governo nacional, Luis Hipólito Alén, o secretário executivo do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul (IPPDH), Victor Abramovich, o secretário executivo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Carlos A. Lafforgue, a diretora de conteúdo da Rádio Nacional da Argentina, Susana Pelayes, e a vice-presidente da linha fundadora das Mães da Praça de Maio, Haydee Gastelú.

Em setembro de 2012, a Acri (Assesoria de Cooperação e Relações Internacionais do Estado do Rio Grande do Sul) deu início ao projeto de cooperação com sua primeira visita ao Archivo Nacional de la Memoria, em Buenos Aires, juntamente com o presidente da Associação Nacional de História do Brasil (Anpuh), Benito Schmidt. Em fevereiro deste ano, uma missão integrada por Norma e pelo presidente da Fundação Piratini, Pedro Osório, deu continuidade aos diálogos.

Direitos Humanos e Memória

Foram firmadas parcerias para o intercâmbio de experiências por meio de estágios, formação presencial e à distância, seminários e troca de material com as seguintes instituições:

Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do MERCOSUL (IPPDH): O IPPDH, criado pelo Conselho do MERCOSUL em 2009, tem como atribuições a cooperação técnica, coordenação de pesquisa, treinamento e suporte de políticas regionais sobre Direitos Humanos. Além da parceria, o RS foi convidado a apresentar o projeto do Memorial da Democracia e dos Direitos Humanos do Mercosul de Porto Alegre na reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos e Chancelarias do Mercosul e Estados Associados (RAADH), em Montevidéu, de 4 a 6 de junho.

Archivo Nacional de la Memoria: Situado na antiga Escola de Mecânica da Armada (Esma), o local é um espaço de memória que dá subsídios documentais para a Justiça e realiza pesquisa constante sobre os crimes cometidos no regime. No Archivo, se encontra o Centro Cultural da Memória Haroldo Conti, que oferece intensa agenda cultural com filmes, fotos, documentos, biblioteca e depoimentos sobre o tema. Além disso, existe um trabalho permanente com estudantes, por meio de projetos pedagógicos, no qual o currículo das escolas incorpora o tema do resgate à memória, com incentivo a pesquisas e realização de trabalhos pelos alunos.

Parque Nacional de La Memoria: Inaugurado oficialmente em 2007, o Parque é um espaço de 14 hectares, que presta homenagem às vítimas da ditadura por meio de monumentos, esculturas e acervo documental. Também promove exposições, seminários e atividades culturais voltados ao resgate à memória.

Grupo Memoria Abierta: Criado em 1999 por membros da sociedade civil, o grupo Memoria Abierta é uma organização que trabalha para aumentar o nível de informação e a consciência social sobre os crimes da ditadura. Integra a rede latino-americana de sítios de memória do Mercosul, que conta atualmente com 11 países e 31 sítios, e tem diretoria em Nova Iorque. O grupo também faz parte dos organismos de Direitos Humanos da Argentina, e possui um sólido trabalho de pesquisa.

Comunicação

A cooperação de diversos setores do governo argentino possibilitou à equipe da TVE o acesso à informações exclusivas. As jornalistas Daniela Bonamigo e Simone Feltes, integrantes da comitiva, coletaram depoimentos e imagens para duas edições especiais do programa TVE Repórter, sobre o trabalho desenvolvido na Argentina no resgate à memória. Os programas irão mostrar como o país tem superado o trauma do desaparecimento de mais de 30 mil argentinos, juntando documentos, investigando o período histórico, e condenando os responsáveis pelo desaparecimento de uma geração inteira.

Nos programas, que devem ir ao ar ainda em maio, depoimentos de sobreviventes, das mães da Praça de Maio, das avós, de pais que reencontraram filhos, netos que reconstruíram suas histórias, e como o envolvimento dos organismos de Direitos Humanos e da sociedade está passando a limpo a história do país.

Rádio Nacional da Argentina

Continuidade no diálogo para o compartilhamento bilateral de conteúdo. Proposta de parceria em seminários de comunicação na América Latina, e acesso às produções da temática de resgate à memória.

Fonte: Secretaria de Cultura de Río Grande do Sul.

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Projeto financiado com recursos do Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL
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